**Esta é uma postagem coletiva produzida pelos Escritores da Era do Compartilhamento e o tema é "Amores Finitos".**
Era noite na primeira vez que se manifestou. Fui pega de surpresa e embora suspeitasse do que estava prestes a dizer, você fez questão de falar. Claro que não estava pronta para ouvir aquilo de você. Não é assim tão simples como todos pregam, não é como desejar bom dia ao próximo.
Aquelas palavras pareceram ecoar dentro de minha cabeça e estrondaram meu coração. E fiz uma gravação interna, que ficava tocando repetidamente nas minhas lembranças. A sua voz falando falando a mim era algo que eu não gostaria de esquecer.
Talvez minha reação não fosse adequada, mas você realmente me pegou desprevenida. Você não conseguia ver, mas por dentro eu sorria. Estava radiante e naquele momento eu soube que as coisas tinham mudado para nós dois. Então, eu apenas me permiti ficar em silêncio, guardando aquele momento com o mais singelo carinho que havia em mim e você logo protestou.
— Faz mal não falar — você disse. E então, você me viu sorrir.
— Eu também amo você — nós sorrimos juntos.
Aquela foi a primeira vez que disse que seu amor era meu. Ali você disse que me amava. Foi exatamente naquela maldita noite onde me contou sua primeira mentira.
Hoje, o tempo passou, mas a dor não. O tempo não cura tudo. O que cura é sua vontade de ser curado, a sua fé. Sorrir não é o melhor remédio. Dipirona só passa dor de cabeça e o sorriso apenas serve como disfarce. Não seria necessário o anseio por um remédio se não houvesse uma dor, se não existisse desconforto; se você não tivesse mentido.
A verdade mesmo é que você não sabe o que é o amor. Se soubesse veria que um amor finito como o teu nem de longe pode merecer um título honroso como o amor. Você entenderia, assim como eu entendi, que se é amor de verdade ele não acaba. Não importa o que aconteça, ele sempre vai estar ali. Como um cachorro maltratado pelo seu dono que sempre volta pelo simples e pequeno fato de ser fiel, de fazer valer seu apelido de melhor amigo do homem. Se fosse mesmo esse amor que tanto pregava, não teria queimado todas as páginas do livro da sua vida em que eu apareci.
E eu vi que você não era merecedor do meu amor.
Então, vá. Veja se consegue enxergar a tua verdade no meio de tantas mentiras. Pegue esse teu amor finito e tenha o mínimo de consciência para fazê-lo grande o suficiente para que você o possa habitar.
Alguém profundo como eu não merece se aventurar em um amor raso como o teu.
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