PRA TE AMAR EU TENHO QUE SER TROUXA


Sabe quando bate aquele friozinho na barriga e quando você começa a sentir cãibras no rosto porque não pára de sorrir? É isso que você faz comigo, além de ignorar minhas mensagens, claro. Eu fico tendo aquela vontade de te resguardar, mas não por possessividade, mas sim como proteção. Mas parece que você quer mesmo é não ser cuidado por ninguém, ou ao menos, não por mim.

Eu sempre me desdobrei para que você percebesse que meu áudio toda animada, perguntando como você tá, na verdade significa que com você eu tento ser mais animada para não parecer uma guria chata e mal-humorada. E lembra daquela vez em você falou sobre me dar um abraço tão forte de parar o tempo? Eu fiquei dando 'play' no áudio pelos próximos trinta dias e eu ficava aqui toda derretida ouvindo sua voz e imaginando como isso seria belo: só eu e você, envolvidos num abraço sem se preocupar com o tempo que passasse, porque na verdade, ele não passaria.

Lembra do que fez um dia antes de eu ir te visitar?  Passou a noite toda acordado, fazendo mapas da cidade numa xerox de um antigo trabalho da faculdade; desenhou as linhas de ônibus que eu deveria pegar e os principais pontos de referências para que eu não me perdesse na sua cidade. Como se não houvesse internet ou não existisse Google Maps. E cá estou eu, quatro meses depois, olhando para esses mapas que fiz questão de guardar.

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AGORA VOCÊ É APENAS ALGUÉM QUE EU CONHECIA

Eu lembro de tudo que você fez por mim, claro que lembro. Me lembro também das lágrimas, da tristeza e do desespero em pensar em perder você.  Afinal, você me prometia mundos e fundos e no fim, fiquei sem nada mesmo.

Mas eu me lembro de todas as promessas que você quebrou. 


Posso citar aqui vários momentos em que eu fiz tudo para te agradar e você pareceu nem dar importância. Como no dia que eu paguei mega caro num ingresso pra assistir ao jogo do Atlético-PR (QUE NEM É O MEU TIME!) com você, como deixei de usar maquiagem só porque você disse que gostava mais de mulheres "ao natural", parei de xingar porque você achava feio. E quando eu falei que conseguiria ingressos daquele tão esperado show, na verdade estava te convidando pra ir comigo, mas pelo modo que disse, você parecia querer levar outra pessoa.

Sabe, eu tenho sentimentos, eu sempre fui daquela linha de raciocínio: não faça com os outros o que você não gostaria que fizesse com você, mas nem todo mundo pensa a mesma coisa.

Você pode até tentar "limpar a sua barra" com o argumento de que não me pediu para fazer nada, mas aí eu te digo que nunca me impediu também. Eu sempre fiz tudo de um jeito tão direto para que não houvesse dúvidas. Então, ou você é muito burro e não entende nada do que eu faço, ou — a mais provável das opções: eu sou trouxa.

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Lembra daquela música do Raça Negra? Que fala naquele trecho, “você jogou fora o amor que eu te dei, o sonho que sonhei, isso não se faz...”, então foi exatamente isso que você fez. O que eu ganhei como premiação? Mais um troféu para minha coleção de trouxa. Mais uma vez e, obrigado, pensei que dessa vez eu não fosse ganhar.

E bem que minha mãe me dizia: “não pensa em relacionamento agora, a vida é dura, cê vai sofrer”, e quem ouve a mãe? QUEM? Aí parece que eu falo para minha mãe: não, mãe! Eu quero ser trouxa, EU QUERO, EU QUERO, EU QUEROOOOOOOOOOO!.

Mas mesmo assim, eu ainda penso em você e acredito que você possa melhorar e mudar e ficar tudo bem. Mas até lá eu não vou te responder no Whatsapp e muito menos te atender, vou me esforçar, na verdade. Porque o complicado é amar você, e o pior é que por você eu seria trouxa mais uma vez e mais uma vez, até um dia você perceber “essa pessoa é boa para mim, e aí quem sabe seremos felizes. Juntos.

**Texto feito em parceria com Eduardo Lemos, do Canal No Chão e colunista do site Superela.**



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